A dieta infantil - Conselhos Sobre o Regime Alimentar
A dieta infantil
Capítulo 13— A dieta infantil
Conselho baseado em instruções divinas
339. A indagação de pais e mães deve ser: “Que faremos com o filho que nos vai nascer?” Temos apresentado ao leitor o que Deus disse acerca do procedimento da mãe antes do nascimento de seus filhos. Isto, porém, não é tudo. O anjo Gabriel foi enviado das cortes celestes para dar instruções quanto ao cuidado dos filhos ao nascerem, a fim de que os pais compreendessem plenamente seu dever. Cerca do tempo do primeiro advento de Cristo o anjo Gabriel veio ter com Zacarias, com uma mensagem semelhante à que fora dada a Manoá. Foi dito ao idoso sacerdote que sua esposa teria um filho, cujo nome seria João. “E”, disse o anjo, “terás prazer e alegria, e muitos se alegrarão no seu nascimento. Porque será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo.” Esse filho da promessa devia ser criado segundo hábitos estritamente temperantes. Uma importante obra de reforma ser-lhe-ia confiada: preparar o caminho para Cristo. Intemperança em todas as formas campeava entre o povo. A condescendência com o vinho e comidas requintadas estava diminuindo a força física e degradando a moral em tão grande extensão que os crimes mais revoltantes não se afiguravam pecaminosos. A voz de João devia ressoar do deserto em severa repreensão às pecaminosas condescendências do povo, e seus próprios hábitos abstêmios deviam também ser uma reprovação dos excessos de seu tempo.
O verdadeiro princípio da reforma
Os esforços de nossos obreiros do departamento de temperança não são suficientemente amplos para banir de nossa terra a maldição da intemperança. Os hábitos uma vez formados são difíceis de ser [226] vencidos. Deve a reforma começar com a mãe antes do nascimento dos filhos; e se fossem fielmente obedecidas as instruções de Deus, não existiria a intemperança. Deve ser o constante esforço de toda mãe conformar seus hábitos com a vontade de Deus, para que possa trabalhar em harmonia com Ele, a fim de preservar seus filhos dos vícios do presente dia, destruidores da saúde e da vida. Coloquem-se as mães, sem demora, na devida relação com seu Criador, a fim de que possam, assistidas por Sua graça, erguer em volta dos filhos uma barreira contra a dissipação e a intemperança. Se as mães tão-somente seguissem esse procedimento, poderiam ver seus filhos, como o jovem Daniel, alcançar elevada norma em consecuções morais e intelectuais, tornando-se uma bênção à sociedade e uma honra ao seu Criador. — The Signs of the Times, 13 de Setembro de 1910. O nenê 340. O melhor alimento para o nenê é o que lhe foi provido pela Natureza. Não deve, sem necessidade, ser dele privado. É falta de coração eximir-se a mãe, por amor da comodidade ou de diversões sociais, da delicada tarefa de amamentar o filhinho. A mãe que consente que seu filho seja amamentado por outra, deve considerar bem os resultados que isso pode trazer. Em maior ou menor grau a ama comunica seu próprio temperamento à criança que amamenta.— A Ciência do Bom Viver, 383 (1905). 341. Para manter-se a par com a moda, tem-se abusado da natureza, em vez de consultá-la. As mães às vezes dependem de uma serva, ou o seio materno tem de ser substituído pela mamadeira. E um dos mais delicados e gratos deveres que uma mãe pode cumprir em favor de seu dependente bebê, dever que lhe une a vida com a dos seus, e que desperta no coração das mulheres os mais santos sentimentos, é sacrificado às assassinas doidices da moda. Mães existem que sacrificam seus deveres maternais de amamentar os filhos simplesmente porque é muito incômodo restringir-se a eles, que são o fruto de suas próprias entranhas. O salão de baile e as excitantes cenas de prazeres exerceram sua influência no sentido de [227] embotar as finas sensibilidades da alma; foram mais atraentes para a mãe amante da moda, do que os deveres maternos para com os filhos. Talvez ela entregue os filhos aos cuidados de uma serva, para que esta cumpra para com eles os deveres que a ela deveriam caber exclusivamente. Seus hábitos errôneos tornam-lhe desagradáveis os deveres necessários, que deveria ter alegria em cumprir, pois o cuidado dos filhos interfere com os reclamos da vida elegante. Uma estranha executa os deveres da mãe, dando de seu seio o alimento para preservar a vida. Isto ainda não é tudo. Ela também comunica seu humor e temperamento à criança que amamenta. A vida da criança vincula-se à dela. Se a serva é um tipo rude de mulher, apaixonada e desarrazoada; se não é cuidadosa em sua moral, a criança, com toda a probabilidade, será de tipo igual ou semelhante. A mesma qualidade grosseira de sangue que circula nas veias da ama, está nas veias da criança. As mães que assim afastam os filhos de seus braços, recusando os deveres maternos, por serem um peso que não podem sustentar facilmente, enquanto dedicam a vida à moda—essas mães são indignas deste nome. Degradam os nobres instintos e santos atributos femininos, preferindo ser mariposas dos prazeres da moda, possuindo menos senso de suas responsabilidades para com a posteridade do que os mudos animais. Muitas mães substituem o seio pela mamadeira. Isto é necessário quando não possuem alimento para os filhos. Mas em nove casos dentre dez, os hábitos errados na maneira de vestir e comer, desde os dias de sua juventude, acarretaram-lhes a incapacidade de cumprir os deveres que a natureza lhes designara. ... Sempre me tem parecido desamoroso e cruel que mães capazes de amamentar os filhos os tirassem do seio materno para a mamadeira. Neste caso é necessário o maior cuidado para que o leite provenha de vaca sadia, e a mamadeira, assim como o leite, sejam perfeitamente limpos. Isto é freqüentemente negligenciado, e em resultado o bebê vem a sofrer desnecessariamente. E possível que ocorram perturbações do estômago e intestinos, e o nenê, mui digno de ser lastimado, se torna doente, se é que nasceu sadio. — The [228] Health Reformer, Setembro de 1871. 342. É crítico o período durante o qual o bebê recebe o alimento da mãe. Muitas mães, enquanto nutrem a criança, têm-se permitido trabalhar demais, excitando o sangue ao cozinharem, o que tem afetado seriamente o bebê, não só pelo alimento febril recebido do seio da mãe, mas também porque seu sangue se tornou envenenado pelo regime insalubre daquela — regime que lhe tem posto em estado febril todo o organismo, deste modo afetando o alimento do pequeno. Este é também afetado pela condição da mente da mãe. Se ela é infeliz, se facilmente se agita e se irrita, dando lugar a irrupções de paixão, o alimento que a criança recebe da mãe é inflamado, produzindo muitas vezes cólica, espasmos e, em alguns casos, convulsões e desmaios. Também o caráter da criança é mais ou menos afetado pela natureza do alimento recebido da mãe. Quão importante, então, que a mãe, enquanto amamenta seu bebê, conserve um estado mental feliz, tendo o perfeito controle de seu espírito. Assim fazendo, não se prejudica o alimento da criança, e o procedimento calmo e dominado seguido pela mãe no cuidado do filho, tem muito que ver com o molde de seu espírito. Se o pequeno for nervoso, ficar agitado facilmente, as maneiras cuidadosas e calmas da mãe terão uma influência no sentido de abrandar e corrigir, e a saúde da criança muito poderá aproveitar.
Tem-se feito grande mal às crianças por um trato impróprio.
Se a criança se mostra impertinente, geralmente se lhe dá alimento para aquietá-la, quando, na maioria dos casos, a própria razão de sua irritabilidade está em ter recebido demasiado alimento, tornado nocivo pelos hábitos errôneos da mãe. O acréscimo de alimento apenas piora a situação, pois seu estômago já estava sobrecarregado. — (1865) HL, cap. 2, págs. 39 e 40.
Regularidade no comer
343. A primeira educação que as crianças devem receber da mãe, na infância, deve ser acerca de sua saúde física. Só lhes deve permitir alimento simples, da qualidade que lhes preserve a melhor condição [229] de saúde, e esse só deve ser tomado em períodos regulares, não mais do que três vezes ao dia, e duas refeições seria melhor do que três. Se as crianças forem disciplinadas devidamente, logo aprenderão que nada conseguirão por chorar e irritar-se. A mãe judiciosa, na educação dos filhos agirá não meramente tendo em vista o presente conforto dela mesma, porém o bem futuro deles. E para isso ensinará ela aos filhos a importante lição do domínio do apetite e da negação de si mesmos, e que devem comer, beber e vestir-se tendo em vista a saúde.— (1865) HL, cap. 2, pág. 47. 344. Não deveis permitir a vossos filhos que comam doces, frutas, nozes ou o que quer que seja no ramo dos alimentos, entre as suas refeições. Duas refeições ao dia será para eles melhor do que três. Se os pais derem o exemplo, e agirem dirigidos pelo princípio, os filhos logo entrarão na linha. Irregularidades no comer destroem a condição sadia dos órgãos digestivos, e quando vossos filhos vêm à mesa, não lhes apetece o alimento saudável; seu apetite anseia por aquilo que lhes é mais prejudicial. Muitas vezes vossos filhos têm sofrido febre e calafrios devidos ao comer de modo impróprio, sendo os pais os culpados de sua doença. É dever dos pais cuidar que os filhos formem hábitos conducentes à saúde, poupando-se assim muito aborrecimento.— Testimonies for the Church 4:502 (1880). 345. As crianças são também alimentadas com demasiada frequência, o que produz indisposição febril e sofrimentos de várias espécies. Não deve o estômago ser conservado a trabalhar constantemente, mas ter seus períodos de descanso. Sem isso as crianças se tornarão impertinentes e irritadiças, adoecendo freqüentemente. — The Health Reformer, Setembro de 1866. [Às crianças deve ser ensinado quando e como comer—288] [Preparo de Daniel na infância—241] [Ver Seção IX, Regularidade no Comer]
Educação do apetite na infância
346. Mal se pode apreciar devidamente a importância de habituar [230] bem as crianças quanto a um são regime alimentar. As crianças devem aprender que têm de comer para viver, e não viver para comer. Esses hábitos devem começar a ser implantados já na criancinha de braço. Ela só deve tomar alimentos a intervalos regulares, e menos freqüentemente, à medida que vai tendo mais idade. Não convém dar-lhe doces, ou comidas dos adultos, que é incapaz de digerir. O cuidado e a regularidade na alimentação dos pequeninos, não somente promove a saúde, tendendo assim a torná-los sossegados e mansos, mas lançará o fundamento para os hábitos que lhes serão uma bênção nos anos posteriores. Ao saírem as crianças da primeira infância, deve-se exercer grande cuidado em educar-lhes os gostos e o apetite. Muitas vezes se lhes permite que comam o que preferem, e quando o entendam, sem se tomar em consideração a saúde. Os esforços e o dinheiro desperdiçados freqüentemente em petiscos, levam as crianças a pensar que o primeiro objetivo na vida, o que maior soma de felicidade proporciona, é poder satisfazer o apetite. O resultado disso é a gula, vindo depois a doença, à qual se segue em geral o emprego de drogas envenenadoras. Os pais devem educar o apetite dos filhos, não lhes permitindo também comerem coisas que prejudiquem a saúde. Mas no esforço de regularizar-lhes a alimentação, devemos ser cuidadosos em não exigir dos filhos que comam coisas desagradáveis ao paladar, nem mais do que necessitam. As crianças têm direitos, têm preferências, e quando estas sejam razoáveis, devem ser respeitadas. ... As mães que satisfazem os desejos dos filhos com detrimento da saúde e de uma disposição feliz, estão lançando sementes daninhas que hão de germinar e dar fruto. A condescendência consigo mesmos cresce com os pequenos, e tanto o vigor físico como o mental são por essa forma sacrificados. As mães que assim fazem, ceifam com amargura a semente que semearam. Vêem os filhos crescerem, tanto mentalmente, como no que respeita ao caráter, incapazes para desempenhar um papel nobre e útil na família e na sociedade. As faculdades espirituais, mentais e físicas, sofrem sob a influência de uma alimentação não saudável. A consciência fica entorpecida, e diminui de suscetibilidade às boas impressões. [231] Ao passo que se ensinam as crianças a dominarem o apetite, e comerem segundo as leis da saúde, convém fazê-las compreender que se estão privando apenas daquilo que lhes seria prejudicial. Rejeitam coisas nocivas por outras melhores. Que a mesa seja convidativa e atraente, sendo provida das boas coisas que Deus tão generosamente nos proporcionou. Seja a hora da refeição um tempo alegre e feliz. E ao gozarmos os dons que nos são concedidos, retribuamos com gratos louvores ao Doador. — A Ciência do Bom Viver, 383-385 (1905). 347. Muitos pais, a fim de evitarem a tarefa de educar pacientemente os filhos em hábitos de renúncia, e ensiná-los a fazerem reto uso de todas as bênçãos de Deus, deixam-nos comer e beber sempre que lhes apeteça. O apetite e a condescendência egoísta, a menos que sejam refreados positivamente, aumentam com o crescimento e fortalecem-se com a força. Quando essas crianças começarem a viver por si mesmas, e assumirem seu lugar na sociedade, serão impotentes para resistir à tentação. Por toda parte abundam a impureza moral e crassa iniqüidade. A tentação de ceder ao paladar e satisfazer a inclinação não tem diminuído com o correr dos anos, e a juventude em geral é governada pelo impulso, sendo escravos do apetite. No glutão, no devoto do tabaco, no bebedor de vinho e no ébrio vemos os maus resultados da educação defeituosa.—Testimonies for the Church 3:564 (1875).
Condescendência e depravação
348. As crianças que se alimentam de modo impróprio são muitas vezes débeis, pálidas e raquíticas, são nervosas, excitáveis e irritadiças. Tudo que é nobre é sacrificado ao apetite e predominam as paixões animais. A vida de muitas crianças dos cinco aos dez e quinze anos de idade parece assinalada pela depravação. Possuem conhecimento de quase todos os vícios. Os pais, em grande parte, são faltosos nesta questão, e ser-lhes-ão imputados os pecados de seus filhos, os quais seu procedimento impróprio os levaram indiretamente a cometer. Tentam os filhos a condescenderem com o apetite colocando-lhes na mesa alimentos cárneos e outros pratos [232] preparados com condimentos, o que têm a tendência de excitar as paixões animalescas. Por seu exemplo ensinam aos filhos a intemperança no comer. Têm-nos deixado comer a quase qualquer hora do dia, o que mantêm os órgãos digestivos constantemente carregados. As mães têm tido muito pouco tempo para ensinar os filhos. Seu precioso tempo tem sido dedicado ao preparo de várias espécies de alimento insalubre para sua mesa. Muitos pais têm deixado que seus filhos se arruinassem enquanto se empenhavam em adaptar sua vida às modas. Se chegam visitas, desejam que se assentem a uma mesa tão lauta como encontrariam em qualquer círculo de conhecidos. Muito tempo e despesas são dedicados a este objetivo. Por amor da aparência, prepara-se rico alimento, adaptado ao apetite, e mesmo professos cristãos fazem tanto aparato que atraem ao redor de si uma classe cujo principal objetivo, ao visitá-los, é comer as iguarias que lhes são oferecidas. Devem os cristãos reformar-se neste sentido. Conquanto devam hospedar cortesmente suas visitas, não devem ser tão grandes escravos da moda e do apetite.—Spiritual Gifts 4:132, 133 (1864).
Buscar a simplicidade
349. Deve o alimento ser tão simples que seu preparo não absorva todo o tempo da mãe. É verdade que se deve tomar cuidado para suprir a mesa de alimento saudável, preparado de modo salutar e convidativo. Não penseis que qualquer coisa que possais misturar descuidadamente para servir de alimento, seja bastante bom para os filhos. Mas menos tempo deve ser dedicado ao preparo de pratos insalubres, para agradar ao apetite pervertido, e mais tempo à educação e preparo dos filhos. Seja a força que é agora dedicada ao desnecessário planejar quanto ao que haveis de comer e beber, e com que vos haveis de vestir, dirigida no sentido de manter asseada a pessoa deles e bem arrumada sua roupa. — Christian Temperance and Bible Hygiene, 141 (1890). 350. Carnes muito temperadas, seguidas de rica pastelaria, desgastam os órgãos digestivos vitais das crianças. Se se acostumassem ao alimento simples e saudável, seu apetite não reclamaria gulo- [233] seimas desnaturais e pratos complicados. ... A carne, ministrada às crianças, não é o melhor para lhes garantir o êxito. ... Educar vossos filhos a viver com um regime cárneo ser-lhe-ia nocivo. É muito mais fácil criar um apetite desnatural do que corrigir e reformar o paladar depois de se ter tornado segunda natureza.— Carta 72, 1896.
Promovendo a intemperança
351. Muitas mães que deploram a intemperança que existe por toda parte, não aprofundam a visão o bastante para ver a causa. Preparam diariamente uma variedade de pratos e alimentos muito condimentados, que tentam o apetite e incitam a comer em excesso. A mesa de nosso povo americano é geralmente provida de modo a formar bêbados. Para vasta classe, o apetite é a regra dominante. Quem quer que condescenda com o apetite comendo demasiado freqüentemente, e comida que não seja saudável, está enfraquecendo sua força para resistir aos reclamos desse apetite e da paixão em outros sentidos, e isto proporcionalmente ao vigor que permitiu tomarem os hábitos incorretos no comer. As mães precisam de ser devidamente impressionadas quanto à obrigação que têm para com Deus e o mundo, de prover à sociedade filhos de caráter bem formado. Homens e mulheres que venham ao campo de ação com princípios firmes, estarão aptos a permanecer incontaminados entre a poluição moral deste século corrupto. ... As mesas de muitas mulheres professamente cristãs são diariamente postas com uma variedade de pratos que irritam o estômago e produzem um estado febril do organismo. Alimentos cárneos constituem o artigo principal de alimento sobre a mesa de algumas famílias, até que seu sangue se encha de humores cancerosos e escrofulosos. Seu corpo compõe-se daquilo que comem. Mas quando lhes sobrevêm sofrimento e doença, isto é considerado uma aflição vinda da Providência.
Repetimos: A intemperança começa em nossas mesas.
Condescende-se com o apetite até que ele se torne segunda natureza. Pelo uso de chá e café, cria-se o desejo de fumar, e isto estimula o desejo de beber. — Testemunhos Selectos 1:422, 423 [234] (1875); Testimonies for the Church 3:563. 352. Iniciem os pais uma cruzada contra a intemperança em seu próprio lar, nos princípios que ensinam os filhos a seguirem desde a infância, e poderão ter esperança de êxito.—A Ciência do Bom Viver, 334 (1905). 353. Devem os pais fazer seu primeiro objetivo tornar-se sábios em relação à maneira devida de tratar com seus filhos, a fim de que lhes possam assegurar espírito são em corpo são. Os princípios da temperança devem ser praticados em todos os pormenores da vida doméstica. A abnegação deve ser ensinada aos filhos e serlhes imposta, no limite do coerente, desde a infância.—Christian Temperance and Bible Hygiene, 46; Conselhos Sobre Saúde, 113 (1890). [Alimentos irritantes que causam uma sede que a água não mitiga — 558] 354. Muitos pais educam os gostos de seus filhos e formam-lhes o apetite. Permitem-lhes comer alimentos cárneos e tomar chá e café. Os alimentos cárneos altamente condimentados e o chá e café que algumas mães animam os filhos a usarem, preparam o caminho para ansiarem por estimulantes mais fortes, como o fumo. O uso deste incita o desejo por bebidas alcoólicas, e o uso de fumo e álcool invariavelmente diminui a energia. Se as sensibilidades morais dos cristãos fossem despertadas em relação ao assunto da temperança em todas as coisas, poderiam eles, por seu exemplo, começando em sua mesa, ajudar aos que são débeis no domínio próprio, e que são quase impotentes para resistir aos anseios do apetite. Se reconhecêssemos que os hábitos que formamos nesta vida afetarão nossos interesses eternos, que nosso destino eterno depende de hábitos estritamente temperantes, esforçar-nos-íamos no sentido de praticar rigorosa temperança no comer e beber. Por nosso exemplo e esforço pessoal podemos ser o meio de salvar muitas almas da degradação da intemperança, crime e morte. Nossas irmãs muito podem fazer na grande obra da salvação de outros, pondo à mesa somente alimento saudável e nutritivo. Podem empregar seu precioso tempo em educar os gostos e apetites de seus filhos, levando-os a formar hábitos de temperança em todas as [235] coisas, e animando-os a praticar a renúncia e beneficência em favor dos outros. Não obstante o exemplo que Cristo nos deu no deserto da tentação, negando o apetite e vencendo o seu poder, há muitas mães cristãs que, por seu exemplo e pela educação que dão aos filhos, preparam-nos para se tornarem glutões e beberrões. Às crianças tolera-se muitas vezes que comam o que preferem e quando querem, sem tomar em consideração a saúde. Há muitos filhos que são educados para glutões, desde a infância. Graças à condescendência com o apetite tornam-se dispépticos, ainda crianças. A condescendência consigo mesmo e a intemperança no comer aumentarão com o seu crescimento e se fortalecerão com a sua força. O vigor físico e mental é sacrificado pela condescendência dos pais. Forma-se o gosto em relação a certos pratos dos quais não podem receber benefício algum, mas tão-somente dano, e à medida que é sobrecarregado o organismo, debilita-se a constituição. —Testimonies for the Church 3:488, 489 (1875). [A base da intemperança— 203]
Ensinar a evitar os estimulantes
355. Ensinai vosso filhos a aborrecer os estimulantes. Quantos estão ignorantemente promovendo neles um apetite dessas coisas! Na Europa vi enfermeiras chegando aos lábios de pequeninos inocentes o copo de vinho ou cerveja, cultivando assim neles o gosto dos estimulantes. Ao crescerem, aprendem a depender mais e mais dessas coisas, até que, a pouco e pouco, são vencidos, sendo arrastados para além do alcance do auxílio, terminando por ocupar a campa de um beberrão. Mas não é só assim que o apetite é pervertido e tornado uma cilada. O alimento muitas vezes é de forma a excitar o desejo de bebidas estimulantes. Pratos muito complicados são colocados perante as crianças—alimentos condimentados, ricos molhos, bolos e pastelarias. Esse alimento altamente condimentado irrita o estômago e causa o desejo de estimulantes mais fortes. Não só é o apetite tentado com alimento inadequado, do qual às crianças se deixa comer [236] livremente na hora das refeições, mas permite-se-lhes comer entre as refeições, e quando chegam aos doze ou catorze anos de idade, são muitas vezes consumados dispépticos. Talvez já tenhais visto uma gravura do estômago de pessoa viciada em bebida forte. Estado semelhante é produzido pela influência de condimentos fortes. Com o estômago nessas condições, apresenta-se um desejo de algo mais para satisfazer as exigências do apetite, alguma coisa mais forte, e sempre mais forte. Em seguida descobrireis vossos filhos na rua, aprendendo a fumar. — Christian Temperance and Bible Hygiene, 17 (1890).
Alimentos especialmente prejudiciais a crianças
356. É impossível, para os que dão rédea solta ao apetite, alcançar a perfeição cristã. As sensibilidades morais de vossos filhos não podem ser despertadas facilmente, a menos que sejais cuidadosos na seleção do seu alimento. Muita mãe põe a mesa de maneira que se torna uma cilada para a família. Alimentos cárneos, manteiga, queijo, rica pastelaria, alimentos temperados e condimentos são usados livremente, por velhos e jovens. Esses artigos fazem sua obra em perturbar o estômago, excitando os nervos e enfraquecendo o intelecto. Os órgãos produtores do sangue não podem converter esses artigos em bom sangue. A gordura cozida com o alimento torna-o de digestão difícil. O efeito do queijo é deletério. O pão feito com a farinha refinada não comunica ao organismo a nutrição que se encontra no pão de farinha integral. Seu uso comum não conservará o organismo na melhor das condições. Os condimentos a princípio irritam o sensível revestimento do estômago, mas finalmente destroem a sensibilidade natural dessa delicada membrana. O sangue torna-se febril, despertam-se as propensões animalescas, enquanto se enfraquecem as faculdades morais e intelectuais, tornando-se servas das paixões baixas. Deve a mãe esforçar-se por apresentar à família um regime simples mas nutriente. — Christian Temperance and Bible Hygiene, 46, 47; Conselhos Sobre Saúde, 114 (1890).
Impedir as tendências más
357. Não hão de as mães desta geração sentir a santidade de sua missão e, em vez de competir com seus vizinhos ricos, em suas [237] ostentações, procurar excedê-los na fiel realização da tarefa de instruir os filhos para a vida melhor? Se as crianças e os jovens fossem treinados e educados em hábitos de abnegação e domínio próprio, se se lhes ensinasse que eles comem para viver em vez de viver para comer, haveria então menos doenças e menos corrupção moral. Pouca necessidade haveria de campanhas de temperança, que pouca importância têm, se na juventude, que forma e molda a sociedade, pudessem ser implantados princípios retos com respeito à temperança. Possuiriam então valor e integridade morais para resistir, na força de Jesus, às poluições destes últimos dias. ... Pais podem ter transmitido aos filhos tendências ao apetite e paixão, as quais tornarão mais difícil a obra de educar e preparar esses filhos no sentido de serem estritamente temperantes, e terem hábitos puros e virtuosos. Se o desejo de alimento insalubre e de estimulantes e narcóticos lhes foi transmitido como legado dos pais, que responsabilidade terrivelmente solene repousa sobre aqueles, de combater as más tendências que proporcionaram aos filhos! Quão fervorosa e diligentemente devem os pais agir para, com fé e esperança, cumprir seu dever para com a infeliz prole! Devem os pais tornar sua primeira preocupação compreender as leis da vida e saúde, para que nada façam, no preparo do alimento, ou por meio de qualquer outro hábito, que desenvolva tendências erradas nos filhos. Quão cuidadosamente devem as mães procurar dispor a mesa com o alimento mais simples e saudável, a fim de que os órgãos digestivos não sejam enfraquecidos, desequilibradas as forças nervosas e, por causa do alimento que lhes é apresentado, contraditada a instrução que deviam dar aos filhos! Esse alimento, ou enfraquece ou fortalece os tecidos do estômago, e tem muito que ver com o controle da saúde física e moral dos filhos, que por Deus foram adquiridos por preço de sangue. Que depósito sagrado é confiado aos pais: guardar a constituição física e moral de seus filhos, de modo que o sistema nervoso seja bem equilibrado e a alma não corra perigo! Os que condescendem com o apetite dos filhos, e não lhes controlam as paixões, reconhecerão o terrível erro que [238] cometeram, vendo os escravos do fumo e da bebida, cujos sentidos se acham embotados, e cujos lábios proferem palavras falsas e profanas. — Testimonies for the Church 3:567, 568 (1875)
A cruel bondade da condescendência
358. Foi-me mostrado que uma grande causa do deplorável estado de coisas existente está em não se sentirem os pais na obrigação de criarem os filhos de modo a conformarem-se com a lei física. As mães amam os filhos com um amor idolátrico e condescendem com o seu apetite, quando sabem que isso lhes prejudicará a saúde, acarretando-lhes doença e infelicidade. Essa bondade cruel manifesta-se em grande extensão na geração presente. Os desejos dos filhos são satisfeitos a expensas de sua saúde e temperamento feliz, porque no momento é mais fácil para a mãe satisfazê-los, do que negar-lhes aquilo pelo que clamam. Assim semeiam as mães a semente que germinará e produzirá fruto. Os filhos não são educados no sentido de negarem o apetite e restringirem os desejos. E tornam-se egoístas, exigentes, desobedientes, ingratos e profanos. As mães que perpetram esta obra ceifarão com amargura os frutos da sementeira que lançaram. Pecaram contra o Céu e contra os filhos, e Deus as terá como responsáveis. — Testimonies for the Church 3:141 (1873). 359. Quando pais e filhos se encontrarem, no dia do ajuste final, que cena se apresentará! Milhares de filhos que foram escravos do apetite e de vícios degradantes, cujas vidas são destroços morais, estarão face a face com os pais que os tornaram o que são. Quem, senão os pais, tem de arcar com esta terrível responsabilidade? Foi o Senhor que tornou corruptos esses jovens? Oh, não! Quem, então, perpetrou esta obra terrível? Não foram os pecados dos pais transmitidos aos filhos, na forma de apetites e paixões pervertidos? E não foi completada a obra por aqueles que negligenciaram a sua educação de acordo com o modelo dado por Deus? Tão certo como eles existem, é terem esses pais de passar em revista diante de Deus. — Christian Temperance and Bible Hygiene, 76, 77 (1890). [239]
Observações feitas em viagem
360. Enquanto viajava, ouvi pais dizerem que o apetite de seus filhos era delicado, e a menos que tivessem carne e bolo, não comiam. Ao ser tomada a refeição do meio-dia, observei a qualidade de alimento dada a esses filhos. Era pão branco de trigo, fatias de presunto cobertas de pimenta-do-reino, picles condimentados, bolo e conservas. As faces pálidas e doentias daquelas crianças bem indicavam os insultos que o estômago sofria. Duas dessas crianças observaram as crianças de outra família a comerem queijo juntamente com sua comida, e perderam o apetite para o que tinham ante si, até que a condescendente mãe pediu encarecidamente um pedaço daquele queijo para lhos dar, temendo que os queridos filhos deixassem de tomar a refeição. Observou a mãe: Meus filhos gostam tanto disto ou daquilo, e eu lhes dou o que querem, pois o paladar pede as espécies de alimento que o organismo requer! Isto poderia ser correto se o paladar não tivesse nunca sido pervertido. Há apetite natural e apetite depravado. Os pais que toda a vida ensinaram os filhos a tomarem alimento insalubre e estimulante, até que o apetite se perverteu, e eles então desejam comer barro, lápis de pedra, café queimado, borra de chá, canela, cravo e condimentos, não poderão alegar que o apetite pede aquilo que o organismo requer. O apetite foi educado falsamente, até que ficou depravado. Os finos tecidos do estômago foram estimulados e inflamados, até terem perdido sua delicada sensibilidade. O alimento simples e saudável parece-lhes insípido. O estômago, abusado, não efetua a obra que lhe é dada, a menos que a isso seja forçado pelos alimentos mais estimulantes. Se esses filhos tivessem sido educados, desde a infância, a só tomarem alimento saudável, preparado da maneira mais simples, conservando o mais possível suas propriedades naturais, e evitassem os alimentos cárneos, gordura e toda espécie de condimentos, seu paladar e apetite não sofreriam prejuízo. Em seu estado natural, poderia indicar, em grande proporção, o alimento melhor adaptado às necessidades do organismo. Enquanto pais e filhos comiam suas iguarias, meu marido e eu [240] participávamos de nosso repasto simples, em nosso horário usual, 1 hora da tarde: pão integral sem manteiga, e generoso suprimento de frutas. Tomamos nossa refeição com vivo prazer, e com o coração agradecido por não sermos obrigados a trazer conosco uma mercearia para satisfazer a um apetite caprichoso. Comemos satisfeitos, e só voltamos a sentir vontade de comer na manhã seguinte. O rapaz que vendia laranjas, nozes, pipoca e doces teve em nós maus fregueses. A qualidade do alimento tomado por aqueles pais e filhos não podia converter-se em sangue bom e em temperamentos brandos. As crianças eram pálidas. Algumas tinham incômodas feridas no rosto e nas mãos. Outras estavam quase cegas, com dor-d’olhos, o que muito prejudicava a formosura de seu semblante. E outros, ainda, não tinham erupção na pele, mas afligiam-se com a tosse, catarro ou perturbações da garganta e dos pulmões. Notei um menino de três anos, que sofria de diarréia. Tinha febre bastante alta, mas parecia pensar que tudo de que carecia era alimento. Cada poucos minutos reclamava bolo, frango, picles. A mãe lhe atendia a todos os reclamos, qual escrava obediente; e se o alimento requerido não vinha tão depressa como era desejado, e os gritos e pedidos se tornavam incômodos e urgentes, a mãe respondia: “Sim, sim, queridinho, já lhe vou dar!” Posto o alimento em sua mão, ele o atirava obstinadamente no chão do carro, porque não lhe viera tão depressa como queria. Uma meninazinha estava comendo seu presunto cozido, com picles condimentado, pão e manteiga, quando notou o meu prato. Continha este alguma coisa que ela não possuía, e recusou-se então a continuar comendo. Essa menina, de seis anos, disse que queria um prato. Pensei que o que ela desejava era a bonita e vermelha maçã que eu comia; e embora tivéssemos poucas, tive tanta pena dos pais, que lhe dei uma bela maçã. Ela a arrebatou de minha mão e desdenhosamente a jogou depressa no chão. Pensei: Esta criança, se assim lhe satisfizerem as vontades, por certo causará vergonha a sua mãe. Esta exibição de teimosia era resultado do procedimento condescendente da mãe. A qualidade de alimento que ela provia a sua filha era uma contínua sobrecarga aos órgãos digestivos. O sangue era impuro, e a criança doentia e irritadiça. A espécie de alimento dada todos os dias àquela criança era de natureza a excitar as pai- [241] xões de ordem mais baixa, e deprimir a moral e o intelecto. Os pais estavam moldando os hábitos de sua filha. Tornavam-na egoísta e desamorosa. Não lhe restringiam os desejos, nem lhe controlavam as paixões. Que poderão esperar de tal rebento, se chegar à maturidade? Muitos parecem não compreender a relação que o espírito tem com o corpo. Se o organismo é embaraçado por alimento impróprio, são afetados o cérebro e os nervos, e facilmente se excitam as paixões. Uma criança de cerca de dez anos sofria de calafrios e febre, e não tinha apetite. A mãe insistia com ela: “Coma um pouco deste pão-de-ló. Aqui está um bom pedaço de galinha. Você não quer um bocado destas conservas?” A criança afinal tomou uma refeição lauta, bastante para uma pessoa com saúde. O alimento que foi instada que comesse não era apropriado nem para um estômago sadio, e muito menos deveria ser tomado estando ele doente. A mãe, cerca de duas horas depois, banhava a cabeça da criança, dizendo que não entendia porque tinha tão alta febre. Tinha ela acrescentado lenha ao fogo, e agora admirava-se de que o fogo ardesse. Tivesse aquela criança sido deixada aos cuidados da natureza, e tomasse o estômago o repouso tão necessário, e os sofrimentos dela poderiam ter sido muito menores. Essas mães não estavam preparadas para criar filhos. A maior causa do sofrimento humano é a ignorância na questão de como tratar nosso corpo. Indagam muitos: Que devo comer, e como viver, para melhor gozar o tempo presente? O dever e o princípio são postos à margem, por amor à satisfação presente. Se quisermos ter saúde, devemos viver de acordo. Se quisermos aperfeiçoar um caráter cristão, devemos viver consoantemente. Os pais são, em grande proporção, responsáveis pela saúde física e moral de seus filhos. Devem instruílos insistentemente a que se conformem com as leis da saúde, para seu próprio bem, a fim de se pouparem infelicidade e sofrimento. Como é estranho que as mães contemporizem com os filhos para a ruína de sua saúde física, mental e moral! Qual será a qualidade desse mimo exagerado! Essas mães fazem os filhos inábeis para a felicidade nesta vida, e tornam muito incerta a perspectiva da vida [242] futura.— The Health Reformer, Dezembro de 1870.
Causa de irritabilidade e nervosismo
361. A regularidade deve ser a regra em todos os hábitos das crianças. Cometem as mães um grande erro em permitir-lhes que comam entre as refeições. Esta prática prejudica o estômago, e põe a base para sofrimentos futuros. Sua impertinência pode ter sido causada pelo alimento insalubre, ainda não digerido; mas a mãe julga que não pode gastar tempo para raciocinar sobre a questão e corrigir sua má orientação. Nem pode ela se deter para abrandar sua impaciente inquietação. Dá aos pequenos sofredores um pedaço de bolo ou alguma outra guloseima para aquietá-los, mas isso tão-somente aumenta o mal. Algumas mães, em sua ansiedade por fazer grande quantidade de trabalho, excitam-se em tão grande pressa e nervosismo que ficam mais irritadiças que os filhos, e repreendendo, e mesmo batendo, procuram aterrar os pequenos, de modo que fiquem quietos. Queixam-se muitas vezes as mães da saúde delicada de seus filhos, e consultam o médico, quando, se tão-somente exercessem um pouco de senso comum, veriam que o mal é causado por erros no regime alimentar. Vivemos numa época de glutonaria, e os hábitos nos quais são educados os jovens, mesmo por muitos adventistas do sétimo dia, estão em oposição direta às leis da natureza. Estava eu certa vez assentada à mesa com várias crianças abaixo de doze anos de idade. Foi servida carne em abundância, e então uma menina delicada e nervosa pediu picles. Entregaram-lhe um frasco de picles mistos, ardente de mostarda e queimante de outros condimentos, e disso ela se serviu livremente. A criança era proverbial por seu nervosismo e temperamento irritadiço, e aqueles condimentos ardentes estavam bem no caso de produzir semelhante estado. O filho mais velho achava que não podia tomar uma refeição sem carne, e mostrava grande descontentamento, e mesmo desrespeito, quando não lhe era dada. A mãe condescendera com os seus gostos e desgostos a ponto de tornar-se pouco menos que escrava de seus caprichos. Ao menino não se provera trabalho, e passava a maior parte do seu tempo lendo coisas inúteis ou piores que inúteis. Queixava-se quase constantemente de dor de cabeça, e não tinha prazer em alimento simples. [243] Devem os pais prover ocupação para os filhos. Coisa alguma será mais certa fonte de mal do que a indolência. O trabalho físico que produz uma sadia fadiga aos músculos, dará apetite para alimento simples e saudável, e o jovem que tem trabalho apropriado não se levantará da mesa murmurando porque não vê a sua frente uma travessa de carne e várias iguarias que lhe tentem o apetite. Jesus, o Filho de Deus, trabalhando com Suas mãos na banca de carpinteiro, deu um exemplo a todos os jovens. Lembrem-se os que zombam quanto a assumir os deveres comuns da vida, de que Jesus era sujeito aos pais, e contribuía com Sua parte para o sustento da família. Poucas iguarias se viam na mesa de José e Maria, pois achavam-se entre os pobres e humildes. — Christian Temperance and Bible Hygiene, 61, 62; Fundamentos da Educação Cristã, 150, 151 (1890).
Relação do regime para com o desenvolvimento moral
362. É tremendo o poder de Satanás sobre os jovens deste século. A menos que a mente de nossos filhos esteja firmemente equilibrada por princípios religiosos, sua moral se corromperá pelos exemplos viciosos com os quais entram em contato. O maior perigo dos jovens provém da falta de domínio próprio. Pais condescendentes não ensinam a seus filhos a abnegação. O próprio alimento que lhes colocam na frente é de molde a irritar o estômago. A excitação assim produzida comunica-se ao cérebro, e em resultado despertam-se as paixões. Não se pode repetir demasiado que o que quer que seja introduzido no estômago afeta não só o corpo, mas afinal a mente também. Alimento gorduroso e estimulante torna o sangue febril, excita o sistema nervoso e muitas vezes embota as percepções morais, de modo que a razão e a consciência são levadas de vencida pelos impulsos sensuais. É difícil, e muitas vezes quase impossível, para o intemperante no regime, exercer paciência e domínio próprio. Daí a especial importância de só permitir às crianças, cujo caráter não está ainda formado, alimento que seja saudável e não estimulante. Foi por amor que o Pai celestial enviou a luz da reforma de saúde para nos guardar contra os males que resultam da irrefreada condescendência [244] com o apetite. “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.” Estão os pais fazendo isto, quando preparam o alimento para a mesa, e reúnem a família para dele participar? Põem eles perante os filhos unicamente aquilo que sabem irá lhes produzir a melhor espécie de sangue, aquilo que conservará o organismo no estado menos febril, mantendo-o na melhor relação possível para com a vida e a saúde? Ou porventura, desatentos ao bem futuro de seus filhos, lhes provêm alimento insalubre, estimulante, irritante? — Christian Temperance and Bible Hygiene, 134 (1890). 363. Mas mesmo os reformadores de saúde podem errar na quantidade de alimento. Podem comer imoderadamente de uma espécie saudável de alimento. Alguns, nesta casa, erram na qualidade. Nunca definiram sua atitude na questão da reforma de saúde. Preferem comer e beber aquilo que lhes agrada e quando lhes apraz. Deste modo prejudicam o organismo. Não só isto, mas prejudicam a família colocando-lhes na mesa alimento que produz febre, aumenta as paixões animalescas dos filhos e leva-os a terem em pouca conta as coisas celestiais. Os pais estão assim fortalecendo as faculdades animalescas dos filhos, e diminuindo-lhes as espirituais. Que dura penalidade terão eles de pagar afinal! E admiram-se de que seus filhos sejam tão fracos moralmente!— Testimonies for the Church 2:365 (1870).
A corrupção entre as crianças
364. Vivemos em uma época de corrupção. É um tempo em que Satanás parece ter quase inteiro domínio sobre as mentes não totalmente consagradas a Deus. Há, portanto, mui grande responsabilidade sobre os pais e pessoas que têm a seu cargo a criação de crianças. Os pais assumiram a responsabilidade de dar à existência essas crianças; e agora, qual é seu dever? É deixá-las crescer como lhes for possível, e segundo a vontade delas? Permiti que vos diga: pesada é a responsabilidade que repousa sobre esses pais. ... Disse eu que alguns de vós sois egoístas. Não compreendeis o que vos queria dizer. Procurastes saber qual o alimento mais saboroso. O paladar e a satisfação, em vez da glória de Deus e do [245] desejo de progredir na vida divina, e aperfeiçoar a santidade no temor do Senhor, isso é o que tem dominado. Tendes consultado vosso próprio prazer, vosso próprio apetite; e enquanto isso fizestes, Satanás vos tomou a dianteira e, como se dá em geral, todas as vezes frustrou vossos esforços. Alguns de vós, pais, tendes levado vossos filhos ao médico para ver o que havia com eles. Eu em dois minutos vos poderia ter dito qual o mal. Vossos filhos estão corruptos. Satanás obteve o seu controle. Ele passou justamente a vossa frente, enquanto vós, que sois para eles como Deus, para guardá-los, estivestes à vontade, insensíveis e modorrentos. Deus vos ordenou criá-los na doutrina e admoestação do Senhor. Mas Satanás penetrou, mesmo na vossa presença, tecendo fortes laços em torno deles. E todavia continuais dormitando. Que o Céu tenha piedade de vós e de vossos filhos, pois cada um de vós carece de Sua misericórdia.
As coisas poderiam ter sido diferentes
Se tivésseis tomado posição na questão da reforma de saúde; se tivésseis acrescentado a vossa fé a virtude, à virtude o conhecimento, e ao conhecimento a temperança, as coisas poderiam ter sido diferentes. Mas vos achastes apenas parcialmente despertos, pela iniqüidade e corrupção que campeiam em vossas casas. ... Devíeis estar ensinando vossos filhos. Devíeis instruí-los sobre como fugir aos vícios e corrupção deste século. Em vez disto, muitos estão empenhados em conseguir alguma iguaria saborosa. Colocais sobre vossa mesa manteiga, ovos e carne, e vossos filhos disso participam. Alimentam-se dos próprios artigos que lhes excitam as paixões animais, e então ides à reunião e pedis a Deus que abençoe e salve vossos filhos. Que altura alcançarão vossas orações? Tendes uma obra a realizar primeiro. Depois de haverdes feito por vossos filhos tudo que Deus deixou ao vosso cuidado, podereis então, com confiança, reclamar o auxílio especial que Deus vos prometeu dar.
Deveis empenhar-vos em ser temperantes em todas as coisas.
Deveis considerar o que comeis e o que bebeis. Entretanto, dizeis: “Não é da conta de ninguém o que eu como, ou o que bebo, ou o [246] que ponho à mesa.” E, sim, da conta de alguém, a menos que tomeis vossos filhos e os encerreis, ou vades ao deserto, onde não sejais um peso para os outros, e onde vossos filhos turbulentos e viciosos não corrompam a sociedade em que vivem. — Testemunhos Selectos 1:186 (1870); Testimonies for the Church 2:359-362.
Ensinai os filhos a resistir à tentação
365. Ponde uma guarda sobre vosso apetite; ensinai vossos filhos, pelo exemplo assim como por preceito, a usar um regime simples. Ensinai-os a ser industriosos, não meramente ocupados, mas empenhados em trabalho útil. Procurai despertar neles as sensibilidades morais. Ensinai-lhes que Deus tem direitos sobre eles, mesmo desde os primeiros anos de sua infância. Dizei-lhes que por todos os lados há corrupção moral à qual devem resistir, que precisam chegar-se a Jesus e a Ele se entregar, corpo e espírito, e que nEle encontrarão forças para resistir a toda e qualquer tentação. Mantende presente ao seu espírito que eles não foram criados meramente para agradarem-se a si mesmos, mas para serem instrumentos do Senhor, para propósitos nobres. Quando as tentações instam para que enveredem por caminhos de condescendências egoístas, quando Satanás procura excluir a Deus de sua vista, ensinai-os a olhar para Jesus, suplicando-Lhe: “Salva-me, Senhor, para que não seja vencido!” Anjos se juntarão ao seu redor, em resposta a sua oração, guiando-os em veredas seguras. Cristo orou por Seus discípulos, não para que fossem tirados do mundo, mas fossem guardados do mal — guardados de cederem às tentações que os defrontariam por todos os lados. Esta é uma prece que deveria ser feita por todo pai e toda mãe. Mas, devem eles assim pleitear com Deus em favor dos filhos e então deixá-los a proceder segundo lhes apraz? Devem eles cevar o apetite até que se torne senhor absoluto, e então esperar refrear os filhos? Não; a temperança e o domínio próprio devem ser ensinados mesmo desde o berço. Sobre a mãe deve repousar em grande parte a responsabilidade desta obra. Os laços terrestres mais ternos são os que ligam mãe e filho. Este é mais facilmente impressionado pela vida e exemplo da mãe do que do pai, por ser mais forte e mais terno esse laço de [247] união. Entretanto, é pesada a responsabilidade da mãe, e deve ela ter o constante auxílio do pai.—Christian Temperance and Bible Hygiene, 63, 64; Fundamentos da Educação Cristã, 152, 153 (1890). 366. Valer-vos-á a pena, mães, usar as preciosas horas que por Deus vos são dadas, em formardes o caráter de vossos filhos e ensinar-lhes a aderir firmemente aos princípios da temperança no comer e beber. ... Satanás vê que não pode ter tão grande poder sobre a mente quando o apetite é mantido sob controle, do que quando é tolerado, e ele opera constantemente para levar os homens a condescender. Sob a influência de alimento insalubre, a consciência torna-se adormecida, a mente se obscurece e prejudica-se sua susceptibilidade para impressionar. Mas a culpa do transgressor não é atenuada pelo motivo de ter sido a consciência violada a ponto de se tornar insensível. —Christian Temperance and Bible Hygiene, 79, 80; Fundamentos da Educação Cristã, 143 (1890). 367. Pais e mães, vigiai em oração. Ponde-vos em guarda rigorosa contra a intemperança sob qualquer forma. Ensinai aos vossos filhos os princípios da verdadeira reforma de saúde. Ensinai-lhes o que lhes convém evitar, a fim de preservar a saúde. Já a ira de Deus está começando a manifestar-se sobre os filhos da desobediência. Quantos pecados e práticas iníquas estão-se manifestando por todos os lados! Como um povo, devemos ter o maior cuidado em guardar nossos filhos da companhia depravada.—Testimonies for the Church 9:160, 161 (1909); Testemunhos Selectos 3:360. [O lar campestre; sua relação com o regime e a moral—711]
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